
Pesquisadores ligados a Stanford apresentaram o Noora, um assistente de IA que simula conversas do dia a dia e oferece feedback imediato para treinar respostas empáticas. A proposta é criar um espaço seguro de prática para pessoas no espectro do autismo. Em muitos casos, interações aparentemente simples geram ansiedade e isolamento; por isso, um treino guiado e sem julgamento pode reduzir barreiras. Nos primeiros resultados, obtidos em um ensaio clínico conduzido por Monica Lam e Lynn Koegel, participantes realizaram sessões curtas, diárias, ao longo de quatro semanas e mostraram melhora nas respostas verbais empáticas, além de sinais de generalização para conversas naturais.
Por que isso é importante?
Dificuldades em habilidades sociais impactam vínculos afetivos, permanência educacional e oportunidades de trabalho de pessoas com TEA. Embora intervenções presenciais sejam eficazes, elas costumam ser caras e pouco disponíveis. Desse modo, um treino conversacional sob demanda, com feedback estruturado, pode ampliar acesso entre sessões clínicas, sem substituir profissionais. Ao mesmo tempo, para redes públicas e instituições de ensino, soluções mensuráveis e de baixo custo tendem a reduzir filas e personalizar apoios, desde que respeitem critérios clínicos e éticos.
O que está em jogo
A evidência inicial é promissora, contudo requer leitura cuidadosa. O estudo utilizou um ensaio clínico randomizado com adolescentes e adultos autistas, comparando o uso do Noora a um grupo em lista de espera. Segundo o protocolo, os participantes respondiam a enunciados diariamente, cinco dias por semana, totalizando até 200 tentativas em quatro semanas, sempre com retorno corretivo imediato. Além disso, houve avaliação pré e pós para medir generalização e questionários de conforto social. Apesar dos ganhos observados, a amostra é pequena e o recorte de resultados ainda é específico. Portanto, escalar a solução exige estudos maiores, análise de vieses e salvaguardas robustas para dados sensíveis.
Como responder a esse desafio
A adoção responsável precisa ser incremental. Primeiro, vale iniciar com piloto supervisionado, contemplando consentimento informado, metas claras e política de privacidade. Depois, o uso do assistente de IA pode ocorrer entre sessões presenciais como prática complementar, enquanto profissionais acompanham indicadores de progresso. Além disso, é recomendável envolver família e professores para que o treino digital se traduza em contextos reais. Por fim, a agenda de pesquisa deve ampliar amostras, comparar abordagens e medir efeitos duradouros em participação social e qualidade de vida, em vez de apenas contabilizar acertos imediatos.
O que você precisa saber
Noora é um assistente de IA que simula diálogos e dá feedback imediato para treinar respostas empáticas em pessoas com TEA.
O estudo usou ensaio clínico randomizado, com sessões diárias por quatro semanas e avaliação de generalização.
Houve ganhos em respostas empáticas e conforto social reportado, mas a amostra é pequena e o horizonte é de curto prazo.
Adoção responsável requer piloto, supervisão clínica, proteção de dados e integração com família e escola.